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Home Office e os Impactos no Setor Imobiliário Brasileiro


Com mais de três décadas acompanhando o mercado imobiliário no Brasil, posso afirmar que poucas transformações foram tão rápidas e profundas quanto as causadas pela consolidação do home office. A pandemia de COVID-19 foi o estopim, mas a tendência já vinha sendo desenhada por mudanças tecnológicas e culturais no mundo corporativo. O que antes era exceção virou norma para milhares de empresas e profissionais — e isso alterou significativamente a lógica da ocupação e da valorização dos imóveis.

No segmento residencial, houve uma mudança clara no perfil de demanda. Imóveis maiores, com cômodos adaptáveis e boa infraestrutura de internet passaram a ser priorizados. Ambientes como varandas, escritórios e áreas de lazer privativas ganharam protagonismo. Com isso, regiões periféricas ou mais distantes dos centros comerciais, antes desvalorizadas pela distância, passaram a atrair mais compradores. Isso porque o deslocamento diário deixou de ser uma prioridade absoluta para muitas famílias.

No mercado corporativo, a vacância em lajes comerciais aumentou, principalmente nas grandes capitais. Empresas reduziram metros quadrados, adotaram modelos híbridos ou até encerraram contratos de aluguel em regiões nobres. Isso levou a uma readequação dos preços, especialmente em edifícios corporativos classe A. Muitos empreendimentos precisaram ser reinventados: há projetos de retrofit para transformar lajes comerciais em unidades residenciais ou espaços de coworking.

Além disso, o home office trouxe um novo olhar para cidades do interior e do litoral. Com a possibilidade de trabalhar de qualquer lugar, profissionais migraram em busca de qualidade de vida, impulsionando o mercado em regiões antes tidas como apenas turísticas ou rurais. Cidades como Florianópolis, Petrópolis e Bragança Paulista, por exemplo, viram um aumento expressivo na demanda por imóveis de médio e alto padrão.

É inegável que o setor imobiliário se encontra em um momento de reinvenção. Os profissionais e investidores que conseguirem se adaptar a essa nova lógica — com foco em flexibilidade, tecnologia e qualidade de vida — terão mais chances de prosperar em um mercado que, embora desafiador, se mostra cheio de oportunidades.


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